terça-feira, 17 de dezembro de 2013

COLECIONANDO: MELHORES AQUISIÇÕES DE 2013.


Como todo colecionador que não curte muito scans, tenho minhas alegrias e decepções. Apostas certas que dão muito errado e compras despretensiosas que terminam  se revelando excelentes aquisições. Sendo assim, resolvi elaborar uma pequena lista do que achei melhor e pior entre as compras de 2013.



É bom lembrar que não necessariamente as obras apontadas neste e no próximo post foram lançadas este ano. Estou colocando aqui o que eu comprei este ano. Também é necessário apontar que levei muitas variantes em consideração (acabamento, preço, arte, história), o que não torna uma hq totalmente maravilhosa ou absolutamente superior horrível por estar nesta ou naquela lista.  Acho até que o principal ponto é a expectativa: o que superou mereceu muitos pontos, o que frustrou levou poucos.

Vamos aos melhores, então (até porque sei que falar mal desperta muito mais atenção!).



05. INCAL - EDIÇÃO INTEGRAL (texto de Alejandro Jodorowsky - arte de Moebius)


Editora Devir. Lançamento em 2012. 
312 páginas. R$ 95,00

Utilizei bônus pra adquirir esta edição (paguei apenas R$ 5,00). Capa dura, papel de qualidade, boa encadernação (nada de folhas coladas ou soltando), marcador de página de tecido, daquele tipo que encontramos em bíblias... Mas perde pontos por ser completamente despida de extras! A história do detetive particular John Difool em um futuro caótico e estranho é daquelas que você pode descobrir coisas novas a cada releitura. Tem conteúdo sem ser enfadonha ou complicada. Mesmo os personagens sendo rasos, isto parece ser feito de propósito: o que importa é a trama e suas reviravoltas a cada momento, ficando em segundo plano os personagens e suas mudanças de humor ou personalidade. Aliás, até a arte de Moebius parece seguir esta tendência: ele capricha muito mais em cenários, objetos e criaturas do que nos personagens, que quase sempre estão com um traço mais simples. Seus desenhos variam ao longo da edição, o que é normal se levarmos em conta que este encadernado reúne volumes originalmente publicados entre 1981 e 1988. E há alguns quadros de tirar o fôlego de tão bonitos.




04. DAYTRIPPER (Fábio Moon & Gabriel Bá)


Editora Panini. Lançamento 2011 (capa dura) e
2012 (capa cartonada). 260 páginas. Preço entre
R$ 25,00 e R$ 62,00. 

Não sou de me derramar em patriotismo bobo e dizer que tenho que comprar isso ou aquilo porque é necessário valorizar o quadrinho nacional, etc. A minha opinião é que o autor deve valorizar sua obra, construindo algo que atraia a atenção do consumidor e o deixe satisfeito. E aí, velho, tanto faz se for brasileiro, americano, neozelandês, romeno, chinês, cearense...


Este encadernado adquiri em um daqueles dias em que precisava comprar alguma coisa.


Daytripper trata de vida e, principalmente, das mortes de Brás de Oliva Domingos, um escritor de obituários que parece não ter uma relação confortável com a "indesejada das gentes". Ao longo de 10 capítulos, vemos possíveis términos da existência de Brás em diferentes idades, desde a infância até a velhice, sem seguir uma forma linear. Apesar disso, o mais interessante não é realmente ver as mortes do sujeito e sim a sua vida. E notar como você pode se identificar com ela: a garota que sorriu pra você no mercado, a morena que você pensou que seria seu único e verdadeiro amor, o amigo que imaginou que nunca lhe trairia... Há momentos de tamanha melancolia (principalmente as partes envolvendo crianças e a relação pais e filhos) que confesso terem me dado um nó na garganta. O texto é muito bom, com uma narração que capta bem a idade do personagem principal em cada parte, mostrando que o mundo se altera dependendo do observador. A arte é excelente, com o bônus de ser bacana finalmente ver um desenhista que sabe retratar o Brasil (nada de Cristo Redentor em São Paulo aqui). As cores de Dave Stewart tornam tudo ainda mais bonito!


Como extras, apenas alguns esboços e fragmentos de textos em que os autores tentam falar brevemente sobre o que pretendiam mostrar na série. Foi publicado em versões capa dura e capa cartonada. Sinceramente, a cartonada satisfaz, pois está dentro do padrão de qualidade Panini.


Há pouco tempo, a Panini relançou a edição em capa dura.



03. SUPREMOS - VOLUME 2 (Roteiro de Mark Millar - Arte de Bryan Hitch)


Editora Panini. Lançamento em 2012. 
408 páginas. R$ 89,00

Sabe quando você entra em uma loja ou site e fica perambulando, meio que sem vontade, e do nada depara com algo que há muito tempo você procurava e fica se beliscando pra ver se é verdade enquanto se dirige ao caixa (ou manda imprimir o boleto)? Foi o que aconteceu comigo em realção a este volume. Cheguei a pensar que estava sofrendo uma alucinação visual. Mas me lembrei que era o meio da tarde de uma quarta-feira e eu estava no escritório, sem ter bebido nada na noite anterior. Logo.. Putz, era verdade!


Os Supremos 2 seria a "segunda temporada" do revolucionário título de Mark Millar e Bryan Hitch. Fazendo aquilo que a maioria dos autores não conseguiram no Universo Ultimate, eles realmente deram uma nova roupagem aos Vingadores. Aqui, a equipe é subordinada a Shield e executa missões para o Governo Americano. Também possui uma faceta pública e outra que, pelos mais variados motivos, fica nas sombras. Desdobrando aquilo que foi mostrado no primeiro volume, Millar-Hitch mostram a reação dos inimigos dos EUA a sua equipe de pessoas de destruição em massa.


Paralelamente a isso, podemos ver mais das incríveis personalidades que Millar deu aos heróis. Stark é um bêbado esperando a morte e tentando fazer algo de relevante com a sua vida. O Capitão América é um sujeito deslocado no tempo, mas em combate é intimidador como nunca Chris Evans conseguirá sonhar em ser. Thor continua maluco beleza. Banner tenta lidar com as consequências do ataque que fez a New York. E a Viúva Negra e, principalmente, o Gavião Arqueiro são mostrados em momentos tão fodásticos que duvido que algum dia possam ser superados em qualquer outra versão!


A única coisa que realmente lamento é que, depois de ler isto, o filme de Joss Whedon parece ainda pior do que eu já achava.


Encadernação em capa dura, papel de alta qualidade e, nos extras, esboços e um divertidíssimo "comentários dos diretores", em que Mark e Bryan não só falam do seu processo criativo como entregam algumas coisas que uma primeira leitura podem deixar passar. A Panini deve relançar agora no final do ano.


02. SANDMAN - EDIÇÃO DEFINITIVA VOLUME 4 (Roteiro de Neil Gaiman - Arte de vários)

Editora Panini. Lançamento em 2013. 
608 páginas. R$ 145,00.

É incrível como a mesma editora que monta os mixes mais horrorosos possíveis em revistas mensais (por favor, tirem aqueles ridículos Novos Mutantes de X-Men Extra e terminem aquela porcaria de Casa dos Mistérios em um encadernado que eu nunca vou comprar!) consegue fazer um trabalho tão bom na área de encadernados. Depois que ela pegou os títulos da Vertigo/Wildstorm, já tivemos a publicação integral de 100 Balas, Y - O Último Homem, Ex Machina, Preacher, Fábulas (que continua) e... o ponto alto de tudo isso: Sandman, a obra prima de Neil Gaiman, em um formato que, apesar do preço salgado, vale cada centavo!


A encadernação bonita chama a atenção, mas são os extras que - além da história, claro! - chamam a atenção. Aqui temos uma introdução assinada pela mítica editora Karen Berger, uma "linha do tempo" da série, roteiro e esboços das edições 57 e 75, as capas originais (e "limpas", sem logotipos nem nada!), fotos de diversos produtos estranhos feitos para colecionadores fãs de Sandman (inclusive uma representação em porcelana da chave do inferno) e os posfácios de Neil Gaiman.


Como sempre, minha reclamação se dirige mais ao péssimo traço de alguns artistas que trabalharam na série. É triste ver um texto tão rico ser desperdiçado no traço simplório e irritante de alguns desenhistas (principalmente Marc Hempel!). Sandman, na minha opinião, não merecia uma continuação ou prequel, e sim que se convocassem novos artistas pra redesenhar várias histórias.



01. CALVIN & HAROLDO - O LIVRO DO DÉCIMO ANIVERSÁRIO (Bill Waterson)


Editora Conrad. Lançamento em 2013. 
208 páginas. R$ 47,00.

Este encadernado foi lançado originalmente em 1995, quando a tira Calvin & Hobbes completou dez anos de publicação nos jornais. Aqui temos uma seleção de várias tiras destes período, todas acompanhadas de comentários do autor.


Além disso vemos alguns textos assinados por ele em que fala dos objetivos almejados com seu trabalho como quadrinista, seus problemas com o licenciamento de suas criações, o ritmo de produção e as tiras dominicais, suas influências, seu processo criativo e as origens dos personagens. Ah, e fala da natureza dúblia de Haroldo: afinal, ele é um bicho de pelúcia que só existe na imaginação de Calvin ou um objeto mágico que se transforma na presença do menino em um tigre de verdade.


O autor nem sequer se preocupa em deixar claro que não é, de fato, uma boa pessoa. Como já era esperado, ele não escreveu aqueles textos pra se vender ou angariar simpatia. Defende suas posições sem temer melindrar quem quer que seja.


Mas, acima de tudo, é simplesmente fantático (re)ver a tira, em formato grande e com aqueles pequenos "toques" em que Waterson deixa claro de onde veio a idéia, o que ele pretendia e se o resultado foi frustrante. A imaginação solta de Calvin é aquilo que provavelmente tem faltado nos últimos tempos na nossa sociedade. Alienamos nossas crianças de tal forma que esperamos que elas sejam robôs estupidificados e politicamente corretos. Não lembro da última vez que vi uma criança com um lençol amarrado no pescoço imitando uma capa...


Não há hoje no mundo sabedoria tão simples como a de uma das tiras dominicais destacadas nesta edição. Lá, Calvin pergunta a haroldo o que ele pediria se pudesse ter qualquer coisa no mundo. Quando o tigre responde que pediria um sanduíche, o menino debocha dele, dizendo que, no seu lugar pediria uma fortuna em dinheiro, uma nave espacial e um continente inteiro só pra ele. Só pra no último quadro ver, chateado, Haroldo com um sanduíche nas mãos, olahndo pra ele e falandoi, de boca cheia "O meu desejo se realizou."


Por coisas assim e pelo divertimento proporcionado, esta foi, sim, a melhor aquisição de 2013.


Que venha o horror...

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